Nas últimas duas décadas, o número de pessoas com diagnóstico de câncer sofreu um impacto enorme na epidemiologia da doença em todos os cantos do mundo. Estima-se que em 2030 o câncer será a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Dois fatores vão corroborar esta expectativa: o avanço no tratamento das doenças cardiovasculares e o envelhecimento da população.
Hoje, excetuando-se as causas traumáticas, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo, sendo responsáveis também por dezenas de anos de vida laborativa perdidos devido às sequelas das doenças (insuficiência cardíaca e sequelas motoras pós derrame cerebral, por exemplo).
Com o avanço na terapia aguda tanto do infarto do coração quanto do derrame cerebral, as sequelas podem ser minimizadas e até evitadas. Unidades de cuidados neurointensivos e cardiointensivos garantem atendimento multiprofissional de qualidade, aumentando consideravelmente a sobrevida dessas pessoas. Não obstante, o tratamento das complicações avança exponencialmente, diminuindo o número de internamentos e aumentando, sobretudo, a sobrevida das pessoas com insuficiência cardíaca, cardiopatia isquêmica e sequelas motoras ou sensitivas do derrame cerebral.
O resultado: mais pessoas envelhecem.
É sabido que um dos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer é o envelhecimento. Células programadas para funcionar de uma forma começam a ter falhas em seus sistemas internos gerando células defeituosas que se multiplicam de forma desordenada… aí, vem o câncer. Claro que não é o único fator, se o fosse, não teríamos neoplasias em crianças e jovens.
Mas dentre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer, encontram-se aqueles que também estão presentes nas doenças do coração: tabagismo, sedentarismo, dieta rica em gordura e sódio, obesidade e estresse.
Logo, os mesmos fatores que podem ter sido o gatilho para o desenvolvimento de um infarto do coração podem ser responsáveis pela geração de um tumor no intestino em um homem de idade média de cinquenta e poucos anos; ou em uma mulher com seus pouco mais de 60 anos e desenvolver um tumor no útero, ovário ou mesmo no intestino.
E esse cenário só pode ser combatido com duas ferramentas: prevenção e diagnóstico precoce. Sem essas ferramentas, estaremos diante de uma luta mais difícil, tendo que combater uma doença já instalada, com menos chance de cura (sendo cardiovascular ou por câncer).
Portanto, medidas primárias como cessar o tabagismo, equilibrar uma rotina de exercícios e uma dieta saudável, controle do estresse e do peso devem ser encorajadas e tidas como meta de vida, ano após ano.
Se esses fatores estão presentes há muito tempo, devemos ir atrás de um diagnóstico precoce, através de exames de rotina e preventivos, como colonoscopia, eletrocardiograma, mamografia e rotinas ginecológicas. Se você é cardiopata, é bom se preocupar com o câncer pelo fato de compartilhar fatores de risco semelhantes.
Faça boas escolhas.