Como saber se a palpitação vem da “cabeça” ou do coração?

Como saber se a palpitação vem da “cabeça” ou do coração?
Como saber se a palpitação vem da “cabeça” ou do coração?

Na prática médica é cada vez mais comum lidar com queixas do tipo ”coração acelerado” ou “ritmo cardíaco descompassado”, as chamadas palpitações.

Esses sintomas são, ao mesmo tempo, frequentes e traiçoeiros para o médico que o investiga, podendo variar da normalidade até o risco iminente de morte súbita.

Dentre os problemas de saúde que podem gerar palpitações, destacam-se as arritmias cardíacas e as doenças psiquiátricas, como os distúrbios da ansiedade e a síndrome do pânico. É interessante ressaltar que frequentemente vemos pacientes com palpitações claramente “psíquicas” tomando remédios com ação cardíaca e outros, com palpitações notadamente arrítmicas, com o tratamento voltado para distúrbios neurológicos.

Mas como diferenciar?

Como saber se a palpitação provém da “cabeça” ou do coração?

Em primeiro lugar, é necessário entender que, diferente das arritmias, os problemas psíquicos não geram alterações eletrocardiográficas, na medida em que são oriundos do fenômeno da somatização e não, de alterações orgânicas. Somatizar, segundo sua definição contemporânea, é uma tendência para experimentar sintomas que não podem ser explicados pelos achados patológicos e, portanto, não deve ser atribuídos a doenças físicas estruturais. Portanto, os exames que procuram documentar possíveis alterações no ritmo, falham em fazê-lo na presença de palpitações psíquicas.

Na prática médica, para excluir as palpitações arrítmicas e aproximá-las do diagnóstico de somatização, devemos lançar mão de informações da história clínica e de exames complementares.

Palpitações associadas a desmaios, tonturas e sensação de “batimento” no pescoço sugerem fortemente o diagnóstico de arritmias cardíacas, assim como o início e término súbitos, bem documentados.

Em relação aos exames, modalidade de monitorização que permitam a correlação do sintoma com o traçado eletrocardiográfico são os mais indicados para a investigação. 

Recentemente, no arsenal investigativo, surgiram monitores que possibilitam o acompanhamento prolongado do paciente, em tempo real (on line). Essa ferramenta permite que o paciente acione um dispositivo no exato momento que a palpitação aparece. O acionamento dispara a gravação de um traçado de eletrocardiograma, que pode ser visto em tempo real, via internet por um médico especialista. Dessa forma, identificamos se o sintoma tem ou não repercussão eletrocardiográfica e se deve representar um fenômeno somático ou arritmia.

Percebemos, portanto, que a investigação adequada e os modernos métodos de monitorização prolongada, ajudam os pacientes e médicos no correto diagnóstico das palpitações.

Diferentes queixas, de diferentes especialidades, podem se beneficiar dos métodos hoje disponíveis.

Procure o seu médico.

 

Texto escrito por:
Dr. Guili Pech
Cardiologista
Rio de Janeiro / RJ

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Acesse a sua conta Guia Saúde e participe da nossa conversa

Compartilhar

Facebook Twitter LinkedIn Email