Ao longo da História, encontram-se referências a casos de distúrbios psíquicos, desde os primórdios. Hipócrates(460-377 a.C.) acreditava que a epilepsia (Mal Sagrado) era uma enfermidade natural com origem no cérebro e que a maioria das doenças resultava de transtornos de humores. Um dos seus grandes méritos foi advogar a origem natural de todas as doenças e pôr em cheque a concepção do sobrenatural das doenças psíquicas.
Entre os gregos, as enfermidades psíquicas eram consideradas frutos de atos vingativos dos deuses, ponto de vista que, com o desenvolvimento cientifico, foi se transformando e adquirindo conotações mais objetivas, percebendo-se então o papel dos fatores naturais no surgimento das doenças.
As ideias humanistas da Revolução Francesa combatendo a degradante concepção das doenças mentais tiveram seu ápice no gesto do médico francês Philippe Pinel (1745-1826). Impressionado pelas condições sub-humanas dos ‘alienados’, Pinel conseguiu autorização da comuna revolucionária parisiense para libertar os asilados, muitos deles algemados há mais de 30 anos. As ideias de Pinel foram publicadas no seu Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental, que pode ser considerado como o primeiro livro da psiquiatria moderna.
A Psicofarmacologia tornou-se parte integral da psiquiatria, descoberta da eficácia da clorpromazina no tratamento da esquizofrenia em 1952 revolucionou o tratamento da doença, assim como o carbonato de lítio revolucionou o tratamento da euforia e depressão no Transtorno bipolar em 1948. Desta forma é evidente que a psiquiatria participa como coadjuvante das mudanças e revoluções históricas, mesmo assim, continua sendo um dos ramos da medicina moderna sempre cercada de medos, preconceitos e tabus.
No contemporâneo só é possível fazer uma psiquiatria de qualidade se conseguirmos ver nossos pacientes como um todo; se como profissionais de saúde, conseguirmos abrir espaço e brigar como especialidade médica, cientifica e integrativa.
O “Novo” psiquiatra tem que ser capaz de reconhecer as doenças, as lutas e os sonhos de seus pacientes. A Nova psiquiatria demanda um olhar humano sem deixar a ciência de lado.
Sei que não é fácil, estamos apenas no começo dessa longa jornada, mas sei que é possível.