O momento atual de pandemia tem gerado efeitos nas condições de vida objetivas das pessoas, assim como no psiquismo e subjetividades, os quais poderão ser vistos nas mais diversas dimensões a posteriori. Um "só depois" que ninguém sabe ao certo quando.
Até lá, um elevado e assustador número de mortes diariamente. Vidas que se vão "de repente" e "antes da hora". Vidas que muitas vezes se encerram em instituições hospitalares sem a presença ou o contato com os entes queridos.
Cada um que parte representa uma história (com marcas afetivas em relações) e deixa alguns em processo de luto, como reação esperada à perda. Esse luto é vivido de maneira particular e única por cada sujeito, sendo comum reações de negação, raiva/revolta, depressão, dentre outras, até se chegar na possibilidade de aceitação, em que o/a enlutado/a possa seguir sua vida, reinvestindo em atividades e relações.
Um processo já difícil se complexifica diante do inesperado e da impossibilidade de seguir os rituais de despedida - tão necessários para ancorar a realidade e elaborar a perda -, aumentando, pois, as chances de vivências de luto complicado, em que a intensidade e o tempo de sofrimento se estendem.
Cabe pensar como atenuar o sofrimento de quem fica. Certamente, não o é possível com indiferença.
É importante acolher e fazer falar, assim como criar maneiras de ritualizar a despedida e homenagear quem se foi.
Obs: Algumas sugestões para esse momento de pandemia: memoriais, visitas a lugares significativos e livro de despedida digital no qual as pessoas possam se expressar a respeito do falecido.