Toda dor é uma reação normal do nosso corpo a uma lesão ou doença, por exemplo, com o objetivo de nos alertar de que há algo de errado. A partir do momento em que o corpo se cura, geralmente paramos de sentir dor. No entanto, em muitos casos a dor pode continuar por muito mais tempo, mesmo após sua causa desaparecer. Quando a dor dura mais de três meses, ela é chamada de dor crônica.
Aproximadamente 25% dos pacientes com dor crônica desenvolvem a chamada síndrome da dor crônica, uma condição que interfere na rotina do indivíduo e gera outros problemas, os quais surgem de forma secundária e geram um ciclo vicioso. As principais consequências de um quadro doloroso crônico são:
- Problemas psicossociais: a dor crônica faz com que a pessoa não consiga manter sua rotina, seja ela profissional, familiar ou recreativa. Como resultado é comum que o indivíduo passe a conviver com sensações de culpa, medo, vergonha, irritabilidade, ansiedade e depressão, os quais podem gerar consequência como o abuso de álcool e drogas, por exemplo.
- Sedentarismo: a rotina de uma pessoa com dor crônica tende a tornar-se cada vez mais sedentária, o que pode levar ao agravamento de doenças como pressão alta, diabetes e obesidade, bem como a outros problemas, como a perda de massa muscular associada ao ganho de peso, o que pode fazer com que as dores piorem.
- Insônia: além da dor e de todo o estresse relacionado à ela, a qualidade do sono também pode ser prejudicada e sem dormir bem, o paciente com dor crônica passa a se sentir cada vez mais cansado e desmotivado.
- Catastrofização da dor: a sensação dolorosa pode fazer com que o paciente fique cada vez mais desmotivado, contribuindo para que a resposta ao tratamento seja ineficaz.
- Dependência de medicamentos: o uso frequente de medicações analgésicas, por conta própria, pode fazer com que pacientes com dor crônica façam uso de remédios cada vez mais fortes para aliviar a dor, o que propicia um gera o risco de quadro dependência química por medicamento e lesões de rins fígado e gastrointetinal.
Mesmo que, de início, a dor apresente um componente puramente físico, como uma lesão ou um trauma, a dor crônica pode provocar problemas psicossociais que inevitavelmente passam a interferir no processo da dor. Por tais características, o tratamento da dor crônica não é simples e envolve uma abordagem multidisciplinar, o qual deve abranger todos os fatores discutidos acima para que o tratamento tenha reais possibilidades de sucesso.
Grande parte do tratamento da dor crônica está relacionado a diversas mudanças no estilo de vida do paciente, necessitando muitas de um acompanhamento multidisciplinar, mas somente um especialista em dor poderá realizar o diagnóstico adequado de cada caso e aplicar a melhor opção de tratamento, que seja capaz de tratar não só as consequências físicas, mas também as psicológicas.
REFERÊNCIAS:
https://pebmed.com.br/como-abordar-a-sindrome-da-dor-cronica-em-pacientes-ortopedicos/#top
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=s0009-67252011000200010&script=sci_arttext&tlng=pt