A Covid-19 é uma infecção respiratória grave, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e que afeta cada indivíduo de uma maneira diferente. Enquanto a maior parcela dos infectados apresentam sintomas leves ou moderados, algumas pessoas apresentam sintomas prolongados e acabam por desenvolver a chamada síndrome pós-Covid-19.
Esta síndrome pode ser caracterizada por um conjunto de alterações na saúde do portador, provocando sintomas distintos, como cansaço, transtornos de humor, insuficiência renal, fibrose pulmonar e dor, sendo este último o tema principal deste artigo.
Como a dor se relaciona com a síndrome pós-Covid-19?
Os mecanismos exatos para explicar a relação entre o pós-Covid e a dor crônica ainda não estão completamente esclarecidos, mas de acordo com estudos recentes, a Covid-19 é capaz de provocar alterações no sistema neurológico que levam a prevalência da dor, principalmente entre os pacientes que estiveram internados em unidade de terapia intensiva (UTI).
Neste contexto, muitos pacientes foram submetidos a fatores de risco, como: imobilização, posição pronada, ventilação prolongada, dor aguda sem o tratamento correto, além do isolamento e do medo constante do desenrolar de uma doença tão fatal. E mesmo entre pacientes que não estiveram internados em UTI, existem relatos de Covid-19 associada a diversos tipos de dores, como mialgia, dor abdominal, cefaléia e dores no peito.
Assim, a dor crônica e a dor neuropática tornaram-se uma realidade na vida de muitos pacientes após infecção por Covid-19, seja pelo efeito imunológico desencadeado pelo vírus, ou por consequência do tratamento da doença.
A dor crônica é aquela que persiste ou recorre por mais de 3 meses, provocando sintomas como cansaço, distúrbio de sono, diminuição do apetite, perda do paladar, diminuição da libido, entre outros sintomas. Já a dor neuropática é um tipo de dor crônica, que surge quando os nervos sensitivos do Sistema Nervoso Central são danificados.
Outro fator relacionado a pandemia e responsável pelo agravamento dos quadros de dor crônica foi o isolamento social, imposto com o objetivo de impedir a disseminação do vírus. Devido a essa medida, o gerenciamento de pacientes com dor crônica em todo o mundo teve de ser interrompido ou realizado através da telemedicina, com o atendimento presencial sendo destinado apenas para pacientes com quadros clínicos considerados de maior gravidade.
Como deve ser realizada a condução clínica da dor e do paciente na síndrome pós-Covid-19?
O primeiro passo na abordagem do paciente com síndrome é a avaliação cuidadosa do seu histórico clínico e a realização do exame físico, essenciais para investigar a causa e definir a abordagem terapêutica que será adotada. A dor crônica no pós-Covid-19 pode afetar pacientes de qualquer idade, mas sabe-se que ela possui maior incidência em pacientes mais velhos.
O tratamento pode ser conduzido através de medidas farmacológicas ou não farmacológicas, seja para tratar a dor crônica ou aguda. Já os pacientes portadores de dor neuropática, necessitam passar por uma abordagem diferente, com o uso de fármacos gabapentinoides e analgésicos locais.
As comorbidades prévias do paciente, como diabetes mellitus, hipertensão, doenças renais ou cardíacas, também devem ser tratadas em conjunto com os sintomas da síndrome pós-COVID-19.
Conclusão
Os efeitos a longo prazo da Covid-19 ainda não foram totalmente compreendidos. Por esse motivo, o acompanhamento de pacientes portadores da síndrome pós-Covid-19 por um especialista em dor é fundamental para auxiliar estes indivíduos a enfrentarem os sintomas relacionados a ela, que podem surgir de forma inesperada e provocar graves prejuízos à qualidade de vida.
Caso você tenha se identificado com essa situação, busque ajuda de um especialista em dor imediatamente. Entre em contato para agendar uma avaliação.
REFERÊNCIAS:
https://www.futuremedicine.com/doi/10.2217/cer-2022-0003
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1521689620300562?via%3Dihub
https://www.jns-journal.com/article/S0022-510X(22)00021-1/fulltext