Muitos acreditam que a escolha do contraceptivo ideal seja algo simples e fácil. Entretanto, há vários aspectos a serem considerados!
Questões simples do dia a dia devem ser analisadas. É importante questionar o trabalho. Habitualmente pessoas que exercem funções com escala noturna costumam esquecer com frequência medicações de tomada diária, devido a falta de rotina. Nessa escolha, precisamos considerar inclusive qual a função (emprego/trabalho) que o individuo exerce- por exemplo, profissionais que trabalham com natação habitualmente tem preferência por métodos que fazem amenorreia (ausência de menstruação), assim como profissionais que viajam muito, ou que trabalham com roupas brancas. É necessário avaliar se gosta ou não de menstruar (por exemplo, meninas jovens habitualmente gostam de menstruar para terem a certeza de que não estão grávidas, outras, entretanto, detestam, pois sofrem com transtorno disfórico pré-menstrual, a famosa TPM, cólicas intensas, ou mesmo alergia a absorventes). É importante avaliar o fluxo dessa paciente- se brando ou intenso, métodos anteriormente utilizados, o que a fez mudar, etc.
Frequentemente em consultório avaliamos pacientes em uso de determinado método que teria contraindicação absoluta, o exemplo simples são as pílulas combinadas (com estrogênio e progesterona), que em mulheres com enxaqueca clássica comprovadamente possuem contra-indicação absoluta por aumentarem o risco de AVC- acidente vascular cerebral. Definir portanto as contra-indicações é fundamental!
A forma de administração também são distintas- atualmente temos os métodos orais, injetáveis, transdérmicos (adesivos e implantes), vaginais (anéis vaginais que liberam hormônios), e os dispositivos intrauterinos (com ou sem hormônios). Pacientes que possuem náusea ou vômito com os medicamentos orais, costumam adaptarem-se melhor com os que não precisam ingestão para a absorção. É necessário avaliar se são mulheres que lembram de tomar a medicação. Atualmente os métodos de longa duração tem ganhado maior popularidade devido um índice de falha menor, pois não dependem da tomada diária, mensal ou trimestral.
Atualmente há diferentes substâncias com funções distintas. Através da escolha da progesterona conseguimos, por exemplo, alterar mais ou menos a libido, diminuir o efeito da retenção hídrica que algumas pacientes relatam, acne e oleosidade da pele, pilificação corporal, oscilação de humor.
Enfim, a escolha do melhor método contraceptivo, não deve ser uma consulta de whatssap ou de meio do corredor, uma referência da mãe ou da melhor amiga ou nem tão pouco uma pesquisa no google. Deve sim ser uma analise e decisão conjunta entre médico e paciente a fim de diminuir efeitos colaterais, alcançar o maior benefício da substância, assim aumentando probabilidade de acerto e portanto aderência ao método.