A gagueira é um distúrbio da comunicação e consiste na alteração no ritmo normal da fala. É caracterizada pela presença de rupturas no fluxo da fala, onde por exemplo, podemos citar as repetições, onde a criança pode ficar repetindo uma palavra muitas vezes (eu, eu, eu, eu), uma sílaba (que-que-quero), ou um som (s-s-sou). No caso de bloqueios, o som fica “preso” e demora para sair. O som pode também ser alongado causando os prolongamentos (sssssssssim), apresentar hesitações (humm, ãh, é, né), usar pausas longas entre as palavras e podendo vir associada a movimentos corporais e faciais involuntários.
As causas da gagueira ainda não são plenamente conhecidas, porém sabe-se que o fator genético tem grande influência. Mas é importante ressaltar que não é determinante e sim um fator de predisposição. Portanto, se existem casos de pessoas que apresentam gagueira na família é importante ficar atento à qualquer alteração no desenvolvimento da fala. Além disso, a prevalência é maior em meninos do que em meninas.
O surgimento da gagueira geralmente ocorre entre 2 a 4 anos de idade. De imediato, não é possível saber se é uma questão de alteração temporária ou se será um quadro permanente. Isso porque tanto aquela gagueira que é um distúrbio de linguagem real quanto a chamada gagueira do desenvolvimento que têm caráter passageiro e intermitente (horas acontece, horas não), são muito comuns durante essa etapa do processo de desenvolvimento de linguagem. É importante os pais, pediatras, professores e pessoas do convívio da criança estar sempre atentos ao desenvolvimento da fala da criança. O diagnóstico e a intervenção fonoaudiológica precoces são fundamentais para o sucesso terapêutico, já que a criança em idade pré-escolar apresenta maior plasticidade cerebral, permitindo melhores condições da aprendizagem de novas habilidades, incluindo a fluência da fala.
Dicas para interagir com a criança que apresenta quadro de gagueira:
Fale de forma suave, tranquila e em um ritmo mais lento, mas sem perder a naturalidade da fala.
Espere a criança terminar de falar e evite responder imediatamente. Aguarde 1 a 2 segundos antes de responder.
Converse com a criança respeitando as trocas de turno.
Não falar para a criança parar, respirar e pensar antes de falar.
Não dizer para falar devagar ou começar de novo.
Torne o ambiente da casa e a rotina da criança mais calmos.
Preste mais atenção ao conteúdo do que a criança está falando do que às rupturas presentes em sua fala. Mantenha contato visual durante os diálogos.
Use palavras simples e quando for elaborar uma pergunta sempre uma de cada vez.